
A fila vai se formando, curiosos se amontoam e o batuque do Grupo Popular Brincantes do Cordão do Caroá, em frente ao Centro Cultural SESC Luiz Severiano Ribeiro, anuncia o 18º Cine Ceará. Assim foi o início da noite calorosa do melhor cinema ibero-americano, que começou na quinta-feira, 10.
Enquanto as luzes não se apagavam, para dar a largada para um dos festivais mais importantes do país, convidados, homenageados e jornalistas ocupavam todo o espaço do saguão do Cine São Luiz. Após as eventuais formalidades, o público confere o curta-metragem de animação “Tele Visão” realizado por dez jovens de bairros carentes.
Logo em seguida, o palco os acolheu para receber o certificado de conclusão do curso de cinema de animação da Casa Amarela, das mãos do secretário de Cultura Auto Filho, da pró-Reitora de Assuntos Estudantis da UFC, Clarice Ferreira Gomes, e do presidente da Coelce, Abel Rochinha.
O grande destaque da noite foi a homenagem ao ator paraibano José Dumont, que completa 33 anos de carreira, e apresenta 44 filmes no currículo, entre eles, “Narradores de Javé” e “Abril Despedaçado”. Depois de assistir a um vídeo com depoimentos de respeitáveis cineastas, como Eliane Café, Walter Salles, Suzana Amaral e Zelito Viana, José Dumont recebe do cineasta argentino Fernando Birri o troféu Eusélio Oliveira. “São muitos anos de história. Estou muito comovido. É a primeira vez que isso acontece na minha terra, no nordeste. A maior sala de cinema do mundo é o coração das pessoas”, declarou emocionado.
Posteriormente, o público contempla a exibição especial do recente curta-metragem de Fernando Birri, “Elegia Friulana”, dedicado à província italiana de Friuli, terra natal da sua família e, como o próprio diz, “é um canto aos sonhos, à aventura, ao trabalho, ao trigo, ao pão e ao horizonte. Um canto à conquista da utopia diária".
A cerimônia foi encerrada com o longa-metragem nacional “Nossa Vida Não Cabe Num Opala”, abrindo assim a competição de longas ibero-americanos pelo Troféu Mucuripe. O filme é baseado em uma peça do paranaense Mario Bortolotto e conta a história de uma família, cujo pai morre, mas não se dá conta disso e passa a acompanhar as relações dos filhos e o desabamento da frágil estrutura familiar.
As mostras competitivas de curtas e longas acontecem até o dia 16. A cerimônia de encerramento será no dia 17, junto com o lançamento do livro “O Alquimista Democrático”, de Fernando Birri.
fonte: cinema com rapadura