domingo, 18 de novembro de 2007

Relembrar é viver…

Certos filmes marcam nossas infâncias de uma maneira mais do que especial. Nem sempre é pela qualidade em si, mas sim, porque há neles um segredo, uma fórmula com a qual nos identificamos e criamos um vínculo eterno com tal filme. Quando esse vínculo com determinado filme é criado, é impossível quando o assistirmos novamente não ocorrer todo um flashback dentro de nossas cabeças relembrando momentos marcantes.

Existem três filmes que marcaram de alguma forma a infância de todos e a tocaram profundamente. Filmes aparentemente simples, verdadeiras “Sessões da Tarde”, mas que ocupam um lugar cativo em minha vida. São eles: “Os Goonies”, “Conta Comigo” (belíssima adaptação da obra mais pessoal de Stephen King) e “Curtindo a Vida Adoidado”. Os dois primeiros remetem diretamente aos meus tempos de criança, me fazendo lembrar aqueles bons tempos, sem maiores preocupações, sempre à procura de novas aventuras. Me faz lembrar dos amigos daquela época, e vejo hoje em dia o quanto é pura a amizade entre os jovens, marcada por inocência e sinceridade, que todos sabemos que um dia irão se extinguir.

Hoje vejo esses filmes e bate aquele arrependimento por não termos aproveitado mais aqueles anos dourados, e bate aquela indignação por os jovens de hoje terem aquela pressa costumeira de crescerem antes da hora. Como diz o personagem Teddy, de “Conta Comigo”, em um determinado momento: “a juventude só vem uma vez em nossas vidas, temos que aproveitá-la”. Ah, se temos! Nunca se é tarde demais para ser jovem, pois a idade não está nos números, e sim, na mente. Quem não gosta de estar entre os amigos e repentinamente pairar aquele espírito de criança, falando e rindo de besteiras e tirando sarro da cara do próximo?

Com “Curtindo a Vida Adoidado”, o efeito não é muito diferente. O filme remete diretamente ao começo da minha adolescência, com aquela velha história de os pais se preocuparem demasiadamente com os estudos, mas a diversão ficar meio que fora do foco de seus olhos. Escola, estudos, tarefas de casa, trabalhos, escola novamente, mais estudos… vão dizer que nunca bateu aquela vontade de jogar tudo para o alto e viver um dia inteiro intensamente, assim como faz Ferris Bueller, personagem de Matthew Broderick, no filme? Viver um dia livre de obrigações, mobilizar uma avenida inteira ao som de Beatles e encontrar beleza e diversão nas coisas mais simples da vida, como rir da cara dos figurões da bolsa de valores…tudo é fantástico. Sim, Ferris Bueller, é a personificação em carne e osso do grito de liberdade de todo adolescente. Não que gazear aula seja um bom exemplo, mas quem não gosta de sentir o gosto da liberdade?

É, caros amigos. Esses filmes aparentemente simples transmitem sensações que estão bem além do alcance de nossos olhos. São capazes de mobilizar valores e nos fazem relembrar e refletir sobre quadros que estão muito bem guardados em nossa memória, mas nem todos foram aproveitados como deveria. O tempo passa, mas nossa mente está sempre ativa, e esses filmes estão aí para nos auxiliar, e quem sabe, perceber o quanto éramos felizes e não sabíamos. Ah, bons tempos!

(fonte cinemacomrapadura.com.br)