sexta-feira, 7 de março de 2008

Estréias da Semana no Cinema Brasileiro (07/03)

10.000 A.C. (2008)
A super-produção da Warner Bros. é um filme épico sobre o passado pré-histórico dos seres humanos, baseado em uma idéia que o diretor alemão Roland Emmerich ("O Dia Depois de Amanhã") teve há mais de dez anos. Ambientado em 10 mil anos antes de Cristo, o filme narra a sa ga do jovem D'Leh, um caçador de mamutes interpretado por Steven Strait (“Super Escolar de Heróis”), e sua aventura para liderar um exército na travessia de um vasto deserto, lutando contra tigres dentes-de-sabre e outros predadores pré-históricos. Em sua arriscada missão, o guerreiro e o exército que lidera acaba de encontro a uma civilização perdida, e ele precisa lutar para salvar Evolet, a mulher que ama (Camilla Belle, de “O Mundo de Jack e Rose”), das mãos de um temível e maldoso chefe de tribo. A direção ficou a cargo do idealizador do projeto, Roland Emmerich, que levou às telas super-produções bem-sucedidas, como “Independence Day”, “Godzilla” e “O Patriota”. Com roteiro de Robert Rodat ("O Resgate do Soldado Ryan"), o filme foi rodado na África do Sul, e marca a primeira parceria entre a Warner e Emmerich. EXTRAS: A atriz Camilla Belle, 21 anos, veio ao Brasil para divulgar seu novo filme, o épico "10.000 A.C.". Ela contou que sonha em filmar no País e elogiou o talento dos atores brasileiros. Camilla Belle nasceu na Califórnia, mas é filha de uma brasileira, Deborah, nascida em Santos. Fala português fluentemente e quase sem sotaque gringo. "Treino português em casa, com minha mãe e assistindo a noticiários e à novelas", contou. E é das novelas que ela gosta mais. Segundo Camilla, há muitos atores talentosos na TV brasileira que não são reconhecidos internacionalmente. "Tenho Globo em casa e vejo muitos atores com quem gostaria de trabalhar", disse ela, sem conseguir citar um que goste mais. Fã de cineastas brasileiros como Fernando Meirelles, Cao Hamburger e Heitor Dália, Camilla Belle afirmou que sonha em fazer um filme no País. "Vamos ver se acontece", despista a atriz, quando questionada se já tem convites para estrelar uma produção brasileira.

A Morte de George W. Bush (2007)
Range não é um terrorista, mas sim um cineasta. E suas armas se restringem a câmeras, imagens de arquivos e uma montagem afiada. Sua idéia era arriscada: mostrar o dia em que o presidente George W. Bush seria ficcionalmente assassinado (em outubro de 2007, depois de um discurso para empresários em Chicago) e as conseqüências que este crime traria para o povo norte-americano e o resto do planeta. Esperto e bem respaldado pela experiência anterior, quando havia utilizado imagens de arquivo para criar filmes sobre problemas que atingiam o Reino Unido, Range usou, por exemplo, o discurso que o vice-presidente Cheeney havia feito na morte do ex-presidente Reagan como se ele estivesse se referindo ao Bush.
O resultado é tão polêmico quanto criativo. Feito para a TV em um formato de documentário, o filme vai entrevistando pessoas envolvidas no episódio, como agentes da segurança presidencial, jornalistas, e apresentando suspeitos do assassinato, cada um com seus motivos reais ou criados durante a investigação. Não faltam o jovem manifestante, o veterano de guerra e, lógico, o árabe.
Há quem diga que o filme é de mau gosto, por incitar a morte de alguém que está vivo. Há ainda os que vêem problemas históricos na trama, já que os líderes assassinatos tendem a ser quase beatificados após violenta morte. Para mim, é apenas um interessante e criativo jeito de fazer filmes, que pode não funcionar sempre, mas que neste caso se encaixa tão bem quanto ovos e bacon - para fazer uma analogia que o atual residente da Casa Branca entenderia.
Angel (2006)
Estamos na virada do século 19 para o 20, e por anos Angelica Deverell (Romola Garai) sonhou em viver uma vida que não era a sua. Filha de humildes vendedores em Norley, no interior da Inglaterra, Angel se refugia em seus livros - copiosos romances nos quais ela inventa uma vida sem as mesmices da realidade. Se um editor de Londres se interessa por seus escritos, e rapidamente faz dela uma escritora de sucesso, é porque Angel tem talento capaz de descrever um parto mesmo sendo virgem.
A construção de uma realidade falsa é o que aproxima a artista Angel do artista Ozon e faz deste filme um melodrama, no mínimo, diferente dos demais. O cineasta enquadra a pomposidade dos cenários vitorianos com a consciência de que está embelezando em demasia algo já belo. Não é por acaso que Angel - com seus enquadramentos simétricos e zoom outs cerimoniosos - está sendo chamado de "kitsch". Por desconfiar do kitsch, Ozon está no direito de abusar do kitsch.
Angel, porém, não é só um exercício de teste de limites. A personagem, interpretada sem amarras por Romola Garai, uma hora chega a uma situação limítrofe, e a realidade que ela cria em sua cabeça não dá mais conta de suplantar a realidade que bate à sua porta. De forma paralela, Ozon joga com elementos estranhos ao melodrama clássico, como na cena do homem nu sem perna. Personagens mutilados na guerra são uma constante nos filmes da época; a novidade em Angel é o nu escancarado com CGI, um requinte de computação gráfica que, naquela cena do chroma-key, Ozon havia dispensado.
Nesse equilíbrio entre o velho e o novo, uma espécie de vanguarda regressiva, Ozon comete um interessante filme de gênero que dialoga com o passado e o presente. Filme este que, apesar de desconfiar do melodrama, termina com uma bela tomada no melhor estilo dos melodramas clássicos, com a panorâmica da mansão sendo fechada, pálida como numa pintura de Esmé.

Cada um com seu cinema (2007)
Em honra ao 60º aniversário do Festival de Cinema de Cannes, o presidente do festival, Gilles Jacob, convidou mais de trinta cineastas para filmar curtas de três minutos e formarem juntos um longa. O tema que os une nesse trabalho é o amor pelo cinema e a diversidade dos filmes prova que, enquanto o entusiasmo por essa arte é praticamente universal, cada experiência cultural que vem dela é completamente única.
No Brasil, dois repentistas em frente a um velho cinema se perguntam como será a vida em Cannes. No Canadá, duas pessoas, em cinemas diferentes, trocam mensagens de texto a respeito dos filmes que assistem. Na China, crianças se reúnem para uma sessão no cinema local. Nos Estados Unidos, um diretor desesperado decide se suicidar diante da falta de educação dos espectadores contemporâneos. 33 curtas de 3 minutos cada. 35 diretores de renome internacional falando daquilo que os motiva e inspira a seguir freqüentando salas de cinema. Filme-comemorativo do aniversário de 60 anos do Festival de Cannes.
Em 33 episódios, diretores do todo o mundo discutem seu amor pelo cinema. Filme criado em celebração ao Festival de Cannes.

Desaparecidos (2007)
Adriana (Paulina Gaitan) é uma garota de 13 anos da Cidade do México que é seqüestrada por traficantes sexuais, levando seu irmão de 17 anos, Jorge (Cesar Ramos), a uma desesperada missão para resgatá-la. Presa e aterrorizada por uma rede ilegal de homens violentos que ganham milhões explorando pessoas, sua única amiga e protetora nessa dura situação é Veronica (Alicja Bachleda), uma jovem polonesa raptada para o tráfico pela mesma gangue criminosa. Enquanto Jorge desvia-se dos policiais da imigração e de incríveis obstáculos para encontrar os raptores das garotas, ele conhece Ray (Kevin Kline), um policial do Texas que também perdeu a família para o tráfico sexual, o que o leva a se aliar ao garoto em sua jornada. Lutando com coragem e tendo a fé duramente testada, os personagens de "Desaparecidos" vivem negociando no inexplicável terreno dos “túneis” do tráfico sexual entre o México e os Estados Unidos. Dos bairros pobres da Cidade do México e da traiçoeira fronteira de Rio Grande, até um secreto leilão de escravos sexuais na internet e um confronto final num depósito nos subúrbios de New Jersey, Ray e Jorge desenvolvem um forte laço enquanto tentam desesperadamente encontrar os seqüestradores de Adriana antes que ela seja vendida e desapareça para sempre nesse submundo brutal – um local de onde poucas vítimas retornam.


Em Paris (2006)
Jonathan (Louis Garrel, de "Os Sonhadores") e Paul (Romain Duris, de "Albergue Espanhol") são dois irmãos que vivem em mundos diferentes. Jonathan é o típico conquistador que sabe curtir a vida do jeito que qualquer jovem parisiense gosta. Enquanto isso, Paul enfrenta a depressão de ter investido em um relacionamento que não deu certo. Paul volta para a casa do pai e passa a conviver com as insistentes ajudas da família para que ele saia da depressão. "Em Paris" é o sexto trabalho do cineasta Christophe Honoré, e o primeiro a ser exibido comercialmente no Brasil. O drama mostra um dia nas vidas dos irmãos, marcados por seus problemas nas ruas e em um apartamento de Paris, buscando controle das emoções cada um do seu jeito.



Em Pé de Guerra (2007)
Para os alunos da Escola Forest Meadow, as aulas de educação física não significam diversão, e sim um exercício de humilhação física e mental, ministrado pelo casca-grossa Sr. Woodcock. Administradas mais como um acampamento militar, as aulas de educação física do Sr. Woodcock não passam de sessões de tortura e constrangimento, que não perdoam qualquer falha ou fraqueza dos alunos, alardeadas pelo odiado som do apito do professor. Para John Farley, autor do livro Deixando para trás: Supere o seu passado, um sucesso de vendas em todo o país, as tristes memórias de um ex-aluno do Sr. Woodcock foram substituídas pela confiança que ele ganhou ao se tornar um bem-sucedido escritor de auto-ajuda e um palestrante motivacional. Por conta de uma folga de última hora, John consegue voltar à sua cidade natal para surpreender a mãe, Beverly, levando a notícia de que será homenageado com o prestigioso prêmio regional “Corn Cob Key” durante o Festival do Milho, que acontece anualmente. A felicidade de John logo se transforma em angústia quando ele descobre que sua mãe está apaixonada por ninguém menos que o Sr. Woodcock. Obrigado a conviver com seu antigo algoz, John precisa lidar novamente com a língua afiada e as táticas de intimidação de seu professor em nome de um estreitamento dos laços familiares.

Fim da Linha (2007)
Daniela Camargo, que vive a mãe que perdeu seu filho e que circula ao lado das amigas fúteis - chega a dar vergonha das cenas em que as três discutem, na loja de uma delas (Maria Padilha... igualmente sofrível) , que a mãe desgraçada devia parar de pensar no bebê.
Essa é apenas uma entre as várias histórias que a trama tenta costurar. Há um político corrupto cercado de assessores e seu filho, um jornalista de televisão em busca de sua grande chance, dois motoristas de táxi, um catador de papel, uma ladra surda-muda, um bebê seqüestrado, um grupo de velhinhos de um asilo e uma tribo de índios, todos às voltas com dois sacos de dinheiro. No entanto, a única remotamente bem construída é a do jornalista, que tem um certo desenvolvimento de personagem. As demais começam jogadas e não chegam a lugar algum.
Somam-se a tudo isso trechos em que somos apresentados de forma documental à história verídica de Charles Ponzi (1820-1949), um dos maiores fraudadores da história dos EUA e imortalizado como o criador de um dos mais bem-sucedidos esquemas de enriquecimento do tipo pirâmide. Tal segmento, supostamente uma alegoria para a ganância que conduz os personagens, é o ponto alto do filme e até que funcionaria bem na televisão, num desses canais universitários.

O Orfanato (2007)
Os filmes de mistério voltam ao cinema espanhol com "O Orfanato", com o qual o diretor estreante Juan Antonio Bayona pretende repetir o sucesso de "Os Outros" (2001), de Alejandro Amenábar, e "O Labirinto do Fauno" (2006), de Guillermo del Toro. Na história, Laura retorna à casa onde fora criada e decide transformá-la em um orfanato. Problemas começam quando o filho de Laura começa a fazer amigos imaginários. A nova vizinhança desperta a imaginação de seu filho, que começa a se deixar levar por jogos de fantasias cada vez mais intensos. Estes jogos vão inquietando Laura até um ponto que chega a pensar que existe algo na casa que está ameaçando sua família. A escalada de estranhos acontecimentos farão com que ela busque a ajuda de parapsicólogos. Ao ser perguntado sobre a influência em seu trabalho dos outros filmes de sucesso realizados no país, Bayona disse que era influenciado não por uma única obra e sim por todo um estilo de cinema. "Não é o de agora, e sim o dos anos 1970, que recorre à narrativa americana dos anos 1940-50". "Isto também interessava a Amenábar e, no mais, ambos admiramos Spielberg, por isso podem aparecer elementos em comum", disse, ao responder sobre a similaridade com o filme "Os Outros", do chileno Amenábar.

Sicko - $O$ Saúde (2007)
"Sicko - $O$ Saúde" é o novo documentário de Michael Moore ("Tiros em Columbine" e "Fahrenheit 11 de Setembro"). Inicialmente anunciado como um documentário sobre a indústria farmacêutica, várias empresas desta área prontamente tomaram medidas para evitar o acesso de Michael Moore a quaisquer informações comprometedoras e aconselharam os seus funcionários a não dialogar com o cineasta. Irreverente e incisivo como habitualmente, Moore surpreendeu de novo, produzindo um documentário sobre o lucrativo sistema de saúde norte-americano. Mostrando sem qualquer censura as conseqüências da inexistência de cuidados de saúde gratuitos nos E.U.A. o documentário é uma crítica afiada aos interesses corporativos e estatais camuflados sob este problema. Normalmente avesso à sutileza e à idoneidade, em "Sicko - $O$ Saúde", Michael Moore utiliza mais uma vez seu cáustico humor negro para mexer com a restrita mentalidade mercadológica americana. Em cartaz enviada após a exibição do filme em Cannes, o diretor disse: "Nós recebemos também a informação de que as indústrias farmacêutica e médica estão empenhadas na luta contra 'Sicko'. Nós recebemos muitas cartas com grande denúncias dos empregados dessas companhias enquanto fazíamos o filme. Nós gostaríamos de ouví-los outra vez vez! Mande-nos os memorandos internos e todas os outros planos que você cruzar por acaso na máquina de copiar da companhia ou no servidor de Internet. Nos ajudará a permanecermos cientes do que eles tramam, e nos dará também a oportunidade de um pouco de divertimento às custas destas indústrias".