Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto (2007)
A consciência e comportamento humano diante de uma situação amoral. Esse é o tema preferido do veterano cineasta Sidney Lumet, como se pode ver em seu novo projeto, Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto (Before the devil knows you're dead, 2007). Um melodrama cheio de suspense, o filme traz a assinatura de Lumet no dilema de dois irmãos cujo "plano perfeito" tem um desfecho desastroso. Ao ver sua carreira de executivo desmoronar, Andy convence seu irmão Hank, tão desajustado como ele, a assaltar a joalheria dos pais. O plano parece fácil, já que eles conhecem bem o funcionamento da loja. No dia da ação, os dois esperavam encontrar a loja vazia, mas uma visita-surpresa põe tudo a perder. O pai de Andy e Hank jura se vingar a qualquer custo dos culpados, sem saber que está à caça de seus próprios filhos. Entra em cena o talento narrativo de Lumet, que conta e reconta a trama pela visão de cada um dos envolvidos avançando e retrocedendo no tempo. A cada nova abordagem, uma peça nova do quebra-cabeças é apresentada. Assim, a cada retomada, o espectador vai entendendo os motivos de cada personagem. Pouco a pouco, eles vão experimentando sentimentos cada vez mais claustrofóbicos e passam a cometer atos cada vez mais descabidos e desesperados. E o estilo enxuto do diretor vem afinado com interpretações hipnotizantes, a começar com Phillip Seymour Hoffman como Andy e Ethan Hawke como Hank. São atuações calcadas na combinação da cordialidade e agressividade. Albert Finney, que faz o pai dos dois, destila camadas densas de sofrimento sem cair no clichê. Marisa Tomei completa o quadro como uma mulher amargurada à procura de afeto sem medir as implicações de seus atos. Um misto de beleza e insegurança. Armênia (2006) A terapia regressiva dos franceses continua. Depois de argelinos (Exílios), romenos (Transylvana) e marroquinos (A Grande Viagem), agora são os descendentes de armênios a procurar por suas origens perdidas. Como nos demais filmes citados, é o remorso por ver diluído seu passado em meio ao cosmopolitismo de Paris que move os personagens de Armênia (Le Voyage em Arménie, 2006). O filme do diretor marselhês Robert Guédiguian (A Cidade está Tranquila) começa mostrando que a cultura armênia na França só sobrevive de mimetismo: a filha de Anna (Ariane Ascaride), neta de Barsam (Marcel Bluwal), dança com um grupo folclórico em Marselha os passos fáceis de aprender de seus antepassados. A festa, como em qualquer povo ou lugar do mundo, é o último resquício de uma herança que já se foi. A trama é posta em movimento ainda durante a dança, quando Barsam chama a neta para lhe dar um aviso ao pé do ouvido. Corta para Anna dando um sermão no pai: Barsam está doente do coração e precisa ser operado. Quando volta a procurá-lo, Anna não o encontra. Fica sabendo que o pai viajou, sem aviso, de uma hora para a outra, até a Armênia. Criada em Marselha como outros tantos, a mulher fica sem saber o que fazer. Decide então, preocupada com a saúde dele, viajar atrás do pai. O longa de Guédiguian, evidentemente, não trata da viagem de Barsam, mas sim de Anna - que aos poucos entrará em contato com o mundo que só conhecia pelas fotografias esmaecidas da família. E como em toda regressão movida por remorso, Guédiguian trata Anna com um misto de penitência, auto-desprezo e comiseração. Que se dê um voto ao diretor pela coragem de ter apostado em uma personagem tão anti-carismática para segurar um filme inteiro. Impaciente e exigente como uma boa francesa, a atípica heroína de Armêniapassará por todas as lições que lhe cabem. Joy Division (2007)
Em apenas quatro anos, Ian Curtis (vocal), Bernard Sumner (guitarra e teclados), Peter Hook (baixo) e Stephen Morris (bateria) deram à música uma de suas mais cultuadas bandas, o Joy Division. O documentário homônimo de Grant Gee, diretor egresso dos videoclipes, apresenta um relato cronológico da criação do grupo - originalmente batizado "Warsaw" - desde 1976. Aliás, começa um pouco antes, ambientando a audiência na decadente Manchester, cidade industrial inglesa e berço do Joy Division. O documentarista compara a revitalização cultural promovida pelo punk, o rock e o pós-punk inglês, à cidade, dando a entender que a energia gerada na época pelos jovens músicos deu a injeção necessária a Manchester para que ela saísse de seu estado de letargia e se tornasse a "Madchester" como ficou conhecida. O filme é pontuado por relatos, geralmente bem-humorados, dos antigos membros da banda - e fundadores do New Order -, além de outras pessoas importantes em sua história. Faltou apenas a viúva de Curtis, Deborah, representada por citações de seu livro. Entre os momentos mais marcantes está o tragicômico comentário/confissão de Bernard Sumner que eles deviam ter notado o comportamento do músico, que cometeu suicídio antes mesmo do lançamento do segundo disco. Em linhas gerais ele diz que simplesmente ninguém estava prestando atenção - e sequer entendiam as letras das canções de Curtis, verdadeiro mapa para seu estado mental.
Sex and the City - O Filme (2008)
Quando se trata da tela do cinema, maior definitivamente é sinônimo de melhor! “Sex and the City - O Filme” promete responder a todas as dúvidas que ficaram no ar: será que Carrie e Big vão finalmente se casar? Samantha vai conseguir se satisfazer com um homem apenas? Charlotte vai engravidar? E quanto a Miranda e Steve, viverão felizes para sempre? Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker), escritora de sucesso e ícone fashion favorito de todo mundo, está de volta com a verve e a sagacidade de sempre, mais inspirada do que nunca. Ela continua a narrar sua própria história de sexo e amor na vida de uma mulher solteira obcecada por moda, na cidade de Nova York. Em “Sex and the City - O Filme”, reencontramos Carrie, Samantha (Kim Cattral), Charlotte (Kristin Davis) e Miranda (Cynthia Nixon) quatro anos depois do final da famosa série da HBO. Nossas amigas preferidas continuam a fazer malabarismo para equilibrar trabalho e relacionamentos, enquanto lidam com maternidade, casamento e imóveis em Manhattan. Chris Noth reprisa o marcante papel do bonito e escorregadio Big; David Eigenberg é o marido pé-no-chão de Miranda, Steve Brady; Evan Handler interpreta Harry, marido companheiro e amoroso de Charlotte; e Jason Lewis faz Smith Jerrod, ator, cliente e namorado dedicado de Samantha. EXTRAS: Após o término das seis temporadas exibidas pelo canal HBO, a vontade de levar o sucesso "Sex and the City" às telonas estava em pauta desde 2004. O processo de produção foi demorado, chegando até a ser cancelado. Posteriormente, saiu da gaveta, mas sofreu com diversos adiamentos. Dessa vez, o longa parece estar fechado para trazer as quatro protagonistas do seriado que conquistaram com suas histórias de amor, paixão, decepção, sexo e tudo relacionado a desejos pessoais. Valsa Para Bruno Stein (2007) Bruno é dono de uma olaria no interior do Rio Grande do Sul. Ao conhecer Valéria, sua nora, acaba se apaixonando por ela. Adaptação do livro de Charles Kiefer. Vencedor do Kikito de melhor atriz em Gramado para Ingra Liberato. Em um lugar no meio do nada, vive Bruno Stein e sua família. Três gerações em conflito. A neta Verônica só espera o momento de ir embora dali; Valéria, a nora, tenta se conformar com sua solidão (o marido é caminhoneiro e passa semanas fora de casa); e Bruno Stein, que se sente no fim da vida. Bruno chegou ao Brasil logo após a segunda guerra vindo com a família da Alemanha. Teve sua vida regida por uma rigidez moral protestante. O tempo passou e ele já não consegue mais encaixar-se na família. Com a chegada de Gabriel, um empregado novo que ele passa a ver como um "arcanjo", alguns acontecimentos começam a mudar a vida de Bruno e das pessoas do lugar.