sexta-feira, 18 de julho de 2008

Estréias da Semana no Cinema Brasileiro (18/07)



A
Ilha da Imaginação (Nim's Island)
(EUA - 2008 - 95 min - Aventura - Jennifer Flackett, Mark Levin)

Baseado no livro escrito por Wendy Orr e Kerry Millard, o filme é dirigido por Mark Levin e Jennifer Flackett, a mesma dupla responsável por "ABC do Amor". Na história, a jovem Nim (Abigail Breslin), uma garota cheia de imaginação, mora com seu pai Jack (Gerard Butler) numa ilha remota. Seu prazer predileto é viajar pelas páginas dos livros, sobretudo as história com o maior de todos os aventureiros, Alex Rover. Nim, no entanto, não faz idéia de que Alexandra (Jodie Foster), a autora dos livros Rover, tem uma vida solitária na cidade grande. Mas o destino das duas irá se cruzar quando o pai de Nim desaparece misteriosamente da ilha. Agora, Alexandra e a pequena Nim terão de reescrever a história do herói Alex Rover e encontrar forças uma na outra para salvar a vida do pai da menina e também da ilha. Extra: A atriz Jodie Foster afirmou em uma entrevista que, após o lançamento do seu último filme, "A Ilha da Imaginação", ela ficará longe das telas por muito tempo. Jodie explicou que, no momento atual, não vê motivos válidos para continuar a trabalhar. "Passei por várias fases. Houve uma época em que estava cansada e não encontrava nada de interessante ou divertido, mas depois senti que estava pronta para voltar aos sets. Essa é a minha filosofia. Acredito que é preciso haver uma razão para fazer qualquer coisa, se não é melhor evitar fazê-lo", revelou.



As Aventuras de Molière, Um Irreverente e Adorável Sedutor
(
Molière)
(
França - 2007 - 127 min - Romance / Comédia / Biografia - Laurent Tirard)

Molière é aquele tipo de comédia de época segura, inofensiva. Pelo título já dá para saber o que esperar - no caso, As Aventuras de Molière, Um Irreverente e Adorável Sedutor. Inofensiva e segura porque limita uma figura rica como Jean-Baptiste Poquelin (1622-1673), o Molière, a esse estereótipo do "irreverente e adorável sedutor". O autor de Tartufo e O Misantropo, considerado um dos grandes autores de comédias de teatro de todos os tempos, capaz de elevar o gênero antes tido como menor a grande arte, tem apenas uma fração de sua biografia retratada no filme co-escrito e dirigido por Laurent Tirard. Ao invés de uma biografia horizontal de Molière, repassando sua carreira inteira, Tirard opta por uma história vertical: separa-se um evento definidor na vida do personagem e, pela metonímia, a parte passa a representar o todo. No caso, é um amor não correspondido nos anos 1640 que marca Jean-Baptiste Poquelin para sempre. Contratado por um aristocrata francês para ensiná-lo a atuar, Molière não apenas se mete com a esposa do seu empregador como muda a família dele para sempre. O episódio do aristocrata é definidor da carreira de Molière, no filme de Tirard, porque ali o autor e comediante aprendeu a observar e retrabalhar em suas obras a rotina pomposa dos palacetes. Há humor e há drama em suas peças - o equilíbrio entre tragédia e comédia que até hoje é o centro das discussões sobre a obra de Molière - mas acima de tudo há crônica. É essa observação da realidade ao seu redor e, mais importante, é a forma como devolve essa realidade ao esnobe público, que imortalizou as peças do parisiense. Interpretado com carisma pelo astro francês Romain Duris (de Albergue Espanhol, À Francesa, Exílios, Em Paris), o Moliére do filme é tocado por essas questões, mas sem deixar de fazer palhaçada e derreter corações - afinal, como o título também diz, o espectador pode estar atrás das "aventuras" e quer mais é se entreter e não necessariamente aprender quem é Molière.


Batman - O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight)
(EUA - 2008 - 152 min - Ação - Christopher Nolan)

Após "Batman Begins", o Homem-Morcego retorna nessa seqüencia intitulada "O Cavaleiro das Trevas". Vale lembrar que nos quadrinhos, “O Cavaleiro das Trevas” é o nome da minissérie mais cultuada do personagem e um dos melhores gibis de todos os tempos. Um trabalho soturno e denso de Frank Miller que apresenta o herói no auge dos sessenta anos de idade, que resolve voltar à ativa após um longo período afastado do combate ao crime, porém, ele tem que encarar uma realidade bem diferente da que ele vivia antes, onde os heróis eram vistos como algo benéfico aos cidadãos de Gotham City. No filme, após dois anos desde o surgimento do Batman (Christian Bale), os criminosos de Gotham City têm muito o que temer. Com a ajuda do tenente James Gordon (Gary Oldman) e do promotor público Harvey Dent (Aaron Eckhart), Batman luta contra o crime organizado comandado pelo Coringa (Heath Ledger). Na direção de “The Dark Knight” está Christopher Nolan e o roteiro foi escrito por seu irmão, Jonathan Nolan, baseado na trama criado pelo próprio Christopher e David Goyer (roteiristas de “Batman Begins”). No elenco estão Christian Bale (“O Operário”) como Bruce Wayne/Batman; Michael Caine (“Regras da Vida”) como o mordomo Alfred; e Morgan Freeman (“Menina de Ouro”) como o funcionário das Indústrias Wayne, Lucius Fox. O tão cobiçado papel do Coringa ficou com Heath Ledger ("O Segredo de Brokeback Mountain"), que faleceu pouco depois das filmagens.



Luz Silenciosa
(Stellet licht)
(México / França / Holanda / Alemanha - 2007 - 142 min - Drama - Carlos Reygadas)

Johan e sua família moram no norte do México. Eles são praticantes de uma seita protestante derivada do cristianimso chamada menonite, que prega vida simples e se nega ao batismo. Há ainda muitas outras regras. E contra todas elas, inclusive de Deus e do homem, Johan - marido e pai - se apaixona por outra mulher.



Maus Hábitos
(Malos Habitos)
(México - 2007 - 103 min - Drama - Simón Bross)

"Maus Hábitos" conta a história de uma família unida por uma variedade de distúrbios alimentares. Sua fé, seu amor, sua vaidade são todas postas à prova na mesa de jantar. Matilde é uma jovem freira convencida de que a fé move montanhas. Ela secretamente inicia um jejum místico para impedir uma inundação que ela acredita estar por vir. Elena é uma mulher linda e magra que tem vergonha do peso de sua filha, Linda, e pretende fazer de tudo para que ela esteja linda no dia de sua Primeira Comunhão. Enquanto isso, Linda está disposta a se defender até a morte para escapar do orgulho da mãe. Ao mesmo tempo, Gustavo, o pai de Linda, redescobre o amor nos braços de uma estudante cujo apelido é Gordinha e que está igualmente apaixonada por comida. Maus Hábitos é a história de mulheres cujos hábitos alimentares determinam e dominam suas vidas de formas muito extremas.



Nome Próprio
(Nome Próprio)
(Brasil - 2008 - 120 min - Drama - Murillo Salles)

Os blogs estão na moda. E já faz tempo! Aliás, já até deixaram de ser moda. Deixaram de ser diários online. Se solidificaram e hoje há até mesmo aqueles que ditam tendências. Que ficam sabendo antes e não têm medo ou rabo preso de dizer o que precisa ser dito. Até mesmo pessoais eles deixaram de ser. Hoje há os blogs comunitários, há os comentários que provam que a sala não está jamais vazia. Quem saiu deste universo próprio e ganhou outras mídias foram as escritas de Clarah Averbuck. A escritora primeiro viu seus textos virarem os livros Máquina de Pinball e Vida de Gato e agora acompanha uma adaptação para o cinema, Nome Próprio. Na tela, a protagonista é Leandra Leal, a blogueira fictícia conhecida como Camila Jam. É ela que começa o filme chorando, desesperada depois de uma noite errada com a pessoa errada. Opa, olha o preconceito. Ela não vê erro algum em ter ficado para um cara que ela nem sabe quem é. Aconteceu. E vai voltar a acontecer. Doa a quem doer. E isso pode incluir até ela mesma! Autodestrutiva e sem freio, Camila vai se jogando ladeira abaixo sem saber onde aquilo vai dar. Bebe, se droga, quase se prostitui. Tudo em busca de experiências, que depois acabam fazendo sentido quando ela "posta" no blog os sentimentos, as dúvidas e o que mais passar pela sua cabeça. É mesmo difícil entender essa tal solidão quando tem tanta gente lendo o que você está vivendo, opinando. Palavras são palavras. E é difícil adaptá-las para outras mídias. Quantos são os filmes que conseguem superar os livros de onde se originaram? Pouquíssimos! A própria Clarah já disse a quem quisesse ouvir que aprendeu a distinguir seus livros do filme. E gosto de ressaltar que a Camila não é autobiográfica e que na época em que escrevia o livro, nem blog ela tinha.



Uma Garota Dividida em Dois
(Le Fille Coupée em Deux)
(
Alemanha / França - 2007 - 115 min - Drama / Comédia - Claude Chabrol)

Charles (François Berléand) é um premiado escritor de meia-idade, não especialmente bonito mas cercado de mulheres deslumbrantes, desbravador sexual. Já o jovem Paul (Benoît Magimel), de franja moderninha e queixo quadrado de galã, foi negligenciado pela mãe quando criança e vive à sombra do pai morto e milionário. São dois opostos, enfim. O intelectual e o sanguíneo, o velho e o novo, o casado e o solteiro, o amante bem resolvido Charles e o emasculado Paul. Quem tem que escolher entre um e outro, como já adianta o título do novo filme do mestre francês Claude Chabrol, Uma Garota Dividida em Dois, é a bela Gabrielle (Ludivine Sagnier, de Swimming Pool). Garota de tempo de uma emissora de TV, dá pra ver pela cara dela que a moça vai subir rápido na carreira. Paul se apaixona à primeira vista, assim como Gabrielle rapidamente se deixa levar pelas frases feitas de Charles. O número de ilusionismo da bela cobaia serrada ao meio é a perfeita imagem poética do que Gabrielle vai enfrentar. Como sempre um arguto cronista da sociedade, que não se furta a usar do humor visual mais sarcástico, como nos close-ups que dá na mãe de Paul, Chabrol comenta as castrações e as liberdades na alta roda pensante francesa em torno desse "mistério da humanidade que é a sexualidade", como define Charles. Aos poucos o filme adiciona mais características, além daquelas primeiras, à polarização entre o escritor e o playboy. Entrega versus mentira, conhecimento versus conforto. São dois mundos que, de fato, não se conciliam. De um lado Charles diz, com a maior naturalidade, que não pode se divorciar da esposa porque "não tem nada contra ela", uma visão mais do que libertadora de uma instituição-clausura como o casamento. Do outro, por sua vez, Paul se inflama porque acredita no casamento em seu estado mais primal, tal o rito do sacrifício de uma virgem.