quinta-feira, 15 de maio de 2008

Cannes 1º dia


O filme do diretor brasileiro Fernando Meirelles "Ensaio Sobre a Cegueira", baseado na obra do escritor José Saramago, inaugurou ontem o 61º Festival de Cannes, filme este que compete pela Palma de Ouro, segundo o próprio diretor, "esse não seria um bom filme para abrir o festival".

Ao final da projeção o público aplaudiu por cerca de cinco minutos de pé em direção a equipe e atores presentes, já a critica ficou dividida, o jornal The Times (inglês) através do seu repórter James Christopher escreveu que o filme foi deprimente, o La Nácion (argentino) disse que o mesmo foi recebido com frieza, mas ressaltou a importância política dele. O BBC apenas ressaltou apenas as peculiaridades do longa, já o Folha de São Paulo narrou a calorosa aceitação do público entre eles vários atores após o encerramento do filme. Outro jornal inglês o The Guardian deu ao filme quatro estrelas e disse: "...é um drama com imagens soberbas e alucinatórias de colapso urbano. Tem uma linha de horror em seu centro, mas se torna mais leve pelo humor e gentileza"

Valse avec Bachir, numa tradução livre Valsa com Bachir, segundo filme na competição exibido ontem à noite, utiliza uma técnica sofisticada para contar uma tragédia recorrente no Líbano. O diretor Ari Folman segue os passos do americano Richard Linklater e filma em terceira dimensão a história de um soldado israelense que presenciou o massacre nos campos de refugiados de Shabra e Satilla.

A julgar pelos aplausos animados ao final da primeira sessão de imprensa, já tem um concorrente à altura para o jogo de apostas na Palma de Ouro. Trata-se do argentino Leonera, de Pablo Trapero, diretor que os brasileiros conhecem de Do Outro Lado da Lei, Família Rodante e Nascido e Criado. Este filme conta com a presença pequena mais marcante do brasileiro Rodrigo Santoro. Leonera é um convincente retrato de uma mulher confrontada pela tragédia, mas ao mesmo tempo uma crônica sem concessões do universo carcerário em que as mulheres se encontram com os filhos pequenos.

O Festival de Cannes começa a celebrar Maio de 68 com a exibição nesta quinta-feira de Pippermint Frappé, do espanhol Carlos Saura, interrompido há 40 anos por um grupo de cineastas solidários aos estudantes e trabalhadores em greve.

Não se pode esperar outra coisa de um cineasta exigente e sofisticado como o turco Nuri Bilge Ceylan. Seu Üç Maymum, ou Três Macacos na tradução direta e concorrente a Palma de Ouro, é belo, seco e sombrio como seus filmes anteriores Distante e Climates, inéditos no circuito brasileiro, mas já com seguidores entre os cinéfilos. Talvez seja um filme até mais sombrio pelo peso de sua história e condução do drama da pequena família já dilacerada pela morte de um dos filhos e às voltas com outra trágica passagem. O marido, um motorista particular, se entrega em favor do patrão, que aparentemente atropelou e matou uma pessoa. Enquanto cumpre a pena, sua mulher o trai com seu chefe, traição descoberta pelo filho.

fonte: 61º Cannes