segunda-feira, 30 de junho de 2008

Órfã, Suécia promove 1ª semana Bergman após morte do cineasta


Como superá-lo? Quase um ano após a morte de seu filho mais ilustre, é essa a pergunta que paira (sem resposta) sobre a Suécia, onde terminou neste domingo (29) a 15ª Semana Bergman, a primeira desde a morte do cineasta.

O evento aconteceu em uma remota ilha com cerca de 600 habitantes situada no leste do país. O acesso só é possível pelo mar báltico. Ventos fortes e planícies de pedra e pinheiros compõem a paisagem austera, às vezes hostil, do lugar escolhido por Ingmar Bergman (1918-2007) como lar, local de filmagens e leito de morte.

É neste cenário que cineastas, atores, turistas e principalmente fãs do autor de "Morangos Silvestres" se reúnem anualmente para rever obras-primas e discutir seu o legado --ou fardo. O Instituto Sueco de Cinema aproveita também para mostrar sua nova safra de produções. Neste ano, o destaque ficou para o belo "Everlasting Moments", de Jan Troell, ambientado no país durante o século passado.

"Se Bergman estivesse fazendo filmes hoje, ele não teria chance alguma", diz o produtor sueco Martin Thomas Dahlström, para quem o mercado nacional de cinema atualmente é baseado na "camaradagem". Segundo o Instituto Sueco de Cinema, o volume de longas-metragens lançados pelo país caiu de 44 para 29 na comparação entre 2006 e 2007.

"Bergman tinha muito poder. Ele sabia disso e manipulava esse poder a seu favor", pondera a produtora local Anita Oxburgh, que participou da Semana Bergman para divulgar o longa-metragem "Wolf".

As discussões sobre o futuro da cinematografia nacional, diz ela, não estão atravancadas pelo vácuo deixado por um gênio, mas pela impossibilidade de atingir as máximas disparadas por ele. Ele dizia, por exemplo: "É preciso entreter o público. É preciso obedecer sua consciência artística. É preciso fazer cada filme como se fosse o último."

fonte: folha online