segunda-feira, 28 de julho de 2008

Youssef Chahine, maior cineasta do Egito, morre no Cairo aos 82 anos


O mais famoso cineasta egípcio, Youssef Chahine, morreu aos 82 anos, no Cairo, após passar várias semanas em coma, afirmou seu ex-discípulo Khaled Youssef. Neste domingo (27), ao anunciar a morte do diretor, a TV egípcia transmitiu imagens de arquivo de Chahine e cenas de seus principais filmes.

Após sofrer uma hemorragia cerebral no dia 16 do mês passado, Chahine entrou em coma e foi levado para Paris. No último dia 17, o cineasta foi trazido de volta ao Cairo e internado no hospital militar Maadi.

Nascido em 25 de janeiro de 1926 na cosmopolita cidade de Alexandria, fez cerca de 40 longas-metragens, nos quais deixou claro suas idéias esquerdistas e sua oposição ao islamismo. Mais conhecido no exterior do que no próprio Egito, Chahine ganhou em 1997 a Palma de Ouro do Festival de Cannes, pelo conjunto da obra, logo depois de ganhar um Urso de Prata no Festival de Berlim.

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, em comunicado oficial, declarou que o diretor egípcio era "um fervoroso defensor da liberdade de expressão e das liberdades individuais e coletivas", que lutou contra "a censura, o fanatismo e o integrismo". "A sétima arte perdeu um de seus mais célebres servidores", disse ele.

Educado em francês e inglês, Chahine foi estudar cinema em Pasadena, na Califórnia, aos 21 anos, e voltou ao país para liderar a cinematografia egípcia, então a mais influente do mundo árabe. "Ele queria ser ator, mas percebeu que gaguejava um pouco e que não era suficientemente bonito. Por isso decidiu que ia atuar através dos outros", contou Omar Sharif, um dos atores de fama internacional descobertos por Chahine.

Ele começou sua carreira de cineasta com dramas retratando a pobreza, a luta operária e os conflitos da independência egípcia nos anos 1950 e 1960. A partir de 1978, iniciou uma trilogia autobiográfica que foi até 1989. A expansão do islamismo radical irritou Chahine. Na infância, ele conheceu um Egito tolerante, multiétnico, no cristãos como ele e judeus viviam em harmonia com o resto da população. Com "O emigrado", filme inspirado na vida do patriarca bíblico José, e "O destino", sobre a vida do filósofo árabe Averróis (século 12), ele despertou a ira dos integristas egípcios.

Um de seus trabalhos de impacto mais recentes foi a participação no filme colaborativo "11'09''00", no qual 11 diretores abordam os atentados de 11 de setembro.

fonte: g1