terça-feira, 23 de setembro de 2008

Estréias da Semana no Cinema Brasileiro (12/09)

Delírios (Delirious)
(EUA - 2006 - 107 min. - Comédia/Drama - Tom Dicillo)

Em Nova York, Les é um fotógrafo de celebridades em busca da foto que o transformará em notícia. Enquanto tira fotos de Goldie Hawn almoçando ou do músico Elvis Costello sem seu indefectível chapéu, ele encontra Toby, um jovem morador de rua sem perspectiva, exceto por um vago desejo de se tornar ator. Les inicialmente rejeita o novo amigo, mas acaba por acolhe-lo em seu apartamento, onde o convidado dorme no closet. Les faz isso com uma intenção: enxerga no garoto a chance de se encontrar com K'Harma Leeds, a estrela mais quente do momento. O plano dá certo de início, quando Toby é convidado pela estrela para uma festa. Só que a amizade dos dois fica ameaçada quando quem começa a ter sucesso é o morador de rua, e não o fotógrafo. O filme rendeu a Tom DiCillo a Concha de Prata de melhor direção, além do prêmio de roteiro e o Signis Award de originalidade no festival de San Sebastián, na Espanha, em 2006.




Ensaio Sobre a Cegueira
(Blindness)
(Japão/Brasil/Canadá - 2008 - 118 min. - Drama - Fernando Meirelles)

"Ensaio Sobre a Cegueira" conta a história de uma inédita epidemia de cegueira, inexplicável, que se abate sobre uma cidade não identificada. Tal "cegueira branca" - assim chamada, pois as pessoas infectadas passam a ver apenas uma superfície leitosa - manifesta-se primeiramente em um homem no trânsito e, lentamente, espalha-se pelo país. Aos poucos, todos acabam cegos e reduzidos a meros seres lutando por suas necessidades básicas, expondo seus instintos primários. À medida que os afetados pela epidemia são colocados em quarentena e os serviços do Estado começam a falhar, a trama segue a mulher de um médico, a única pessoa que não é afetada pela doença. O foco do filme, no entanto, não é desvendar a causa da doença ou sua cura, mas mostrar o desmoronar completo da sociedade que, perde tudo aquilo que considera civilizado. Ao mesmo tempo em que vemos o colapso da civilização, um grupo de internos tenta reencontrar a humanidade perdida. O brilho branco da cegueira ilumina as percepções das personagens principais, e a história torna-se não só um registro da sobrevivência física das multidões cegas, mas, também, dos seus mundos emocionais e da dignidade que tentam manter. Mais do que olhar, importa reparar no outro. Só dessa forma o homem se humaniza novamente. "Ensaio Sobre a Cegueira", dirigido por Fernando Meirelles (de "O Jardineiro Fiel" e "Cidade de Deus", pelo qual foi indicado ao Oscar de Melhor Diretor), é baseado na obra do escritor português José Saramago, único escritor da língua portuguesa a receber o primeiro Nobel de literatura.




Iluminados
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Iluminados)
(Brasil - 2007 - 100 min. - Documentário - Cristina Leal)


Retrato de alguns dos grandes fotógrafos que ajudaram a dar forma à cinematografia brasileira. Dib Lutfi, Edgar Moura, Fernando Duarte, Mario Carneiro, Pedro Farkas e Walter Carvalho. O documentário traz a história de cada um e mostra o que os fotógrafos pensam dos seus trabalhos, dos diretores e do cinema no mundo. Eles aceitam o desafio proposto pelo filme: todos filmaram a mesma cena, a partir das suas escolhas pessoais, quanto ao movimento de câmera preferido, a iluminação e o equipamento usado. Tudo para revelar os seus estilos e características pessoais.


Mamma Mia!
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Mamma Mia!)
(EUA - 2008 - 108 min. - Musical - Phyllida Lloyd)

Em 1999, na bela ilha grega de Kalokairi, a menina Sophie está prestes a se casar quando resolve enviar três convites da cerimônia para três homens – Sam Carmichael, Bill Anderson e Harry Bright –, acreditando que um deles é seu pai. De diferentes partes do mundo, os três resolvem voltar à ilha e à mulher por quem se apaixonaram vinte anos atrás. Quando chegam, a mãe de Sophie, Donna, se surpreende ao ficar cara-a-cara com os ex-namorados que nunca conseguiu esquecer. E, enquanto eles inventam desculpas por estar ali, ela se pergunta qual deles é, realmente, o pai de Sophie. A história do espetáculo Mamma Mia! teve início nos anos 80, quando a produtora Judy Craymer trabalhava com Benny Andersson e Björn Ulvaeus como produtora executiva do primeiro projeto deles pós-ABBA, o musical Chess. Inspirada no aspecto teatral do trabalho dos compositores, Judy teve a idéia de criar um musical com canções já existentes do grupo, em um original e empolgante formato. Andersson e Ulvaeus ficaram, inicialmente, relutantes, mas em 1995 eles concordaram com o projeto e, dois anos depois, Craymer convidava a teatróloga Catherine Johnson para escrever o espetáculo. Mais tarde, com uma afetuosa e empolgante história em mãos, a produtora iniciaria as buscas por um diretor, trazendo para o projeto a respeitada diretora de teatro e ópera Phyllida Lloyd. O primeiro espetáculo estrearia em 6 de abril de 1999, no Prince Edward Theatre, em Londres, se tornando um fenômeno global de entretenimento e atraindo um público de mais de 30 milhões de pessoas.




Paranóia Americana
(Civic Duty)
(Inglaterra/EUA/Canadá - 2006 - 98 min. - Drama/Suspense - Jeff Renfroe)

Não é por acaso que o filme está estreando depois de mais um aniversário do 11 de setembro. Como o próprio nome diz, Paranóia Americana trata do clima belicoso que se instaurou nos EUA depois dos ataques terroristas que tornaram a segurança a maior preocupação do país - acima, segundo consta no Ato Patriota decretado pelo governo Bush, dos direitos civis. Peter Krause, mais conhecido como o Nate do seriado (de esquerda) A Sete Palmos, vive no filme um paranóico de direita, o contador Terry. A partir do momento em que se muda para seu condomínio um homem de traços árabes, Terry começa a imaginar que o vizinho tem más intenções - afinal, o alarmista noticiário na TV sugere que todo mundo é suspeito de terrorismo até que se prove o contrário. E a paranóia de Terry chega a consequências extremas. Está longe de ser o melhor filme sobre o assunto, mesmo porque Hollywood já produziu mais de uma dezena deles desde 2001, da reconstituição do atentado propriamente dita (Vôo 93, As Torres Gêmeas) até as mais ensandecidas metáforas (Possuídos, A Vila). Paranóia Americana está mais para um retrato esquemático desse momento histórico.



Perigo em Bangkok
(Bangkok Dangerous)
(EUA - 2008 - 100 min. - Ação - Oxide Pang Chun/Danny Pang)

Joe (Nicolas Cage), um matador sem remorsos, está em Bangkok para executar quatro inimigos de um brutal criminoso chamado Surat. Para ajudá-lo, Joe contrata Kong (Shahkrit Yamnarm), um ladrão de rua, para enviar mensagens para ele com a intenção de cobrir seus passos. A intenção, é claro, seria matá-lo ao fim do serviço. Estranhamente, no entanto, Joe, solitário por natureza, se pega na posição de mentor do garoto, enquanto emenda um romance com uma garota local. Enquanto se apaixona pela beleza quase tóxica de Bangkok, ele começa a questionar sua existência e baixa a guarda… justamente quando Surat decide que é hora de fazer uma limpeza geral. Extras: O golpe militar que derrubou o primeiro ministro da Tailândia, Thaksin Shinawatra, dia 19 de Setembro de 2006, interrompeu as filmagens de “Perigo em Bangkok”. A produção estava sendo realizada em Bangkok quando foi dada a notícia. Nicolas Cage foi enviado de volta a seu hotel, enquanto membros da equipe permaneceram no set para vigiar as armas cenográficas usadas na filmagem. Todos deixaram o local, entretanto, à pedido de Cage, que teve que convencer o produtor sobre a falta de segurança.




Quatro Minutos
(Vier Minuten)
(Alemanha - 2006 - 112 min. - Drama - Chris Kraus)

Ah, as cicatrizes mal curadas! Não tem jeito, passam-se os anos, e os alemães continuam exorcizando seus fantasmas nazistas no cinema e em várias outras formas de arte. O sentimento de culpa pelo que aconteceu nos anos 30 e 40 ainda é muito forte por lá e os artistas, obviamente mais sensíveis e aptos a expressar seus sentimentos, acabam voltando ao tema sempre que podem. Quem se aventura agora é o cineasta Chris Kraus, que escreve e dirige o drama sobre uma velha professora de piano chamada Traude (Monica Bleibtreu) e uma autodestrutiva aluna, Jenny (Hannah Herzsprung), detenta de um presídio feminino depois de um assassinato. A garota é um enorme barril de pólvora de pavio curto e prestes a entrar em autocombustão, mas é também uma artista talentosíssima. Sua rebeldia, está expressa nas roupas, nas mãos detonadas e na "música de negro", que ela prefere tocar, contrariando a predileção pela música clássica de sua instrutora. As diferenças entre as duas as coloca constantemente em rota de colisão, até que percebem que seus caminhos talvez não sejam tão diferentes. A frieza que hoje domina o corpo da octagenária pianista é conseqüência do que ela sofreu - e sofre até os dias atuais - durante o regime hitlerista. Durante todo esse tempo, ela se afundou em angústia e culpa pelo que viu e sofreu. E ao ver o potencial da aluna, Traude passa a espelhar na vida da menina o presente e o futuro que nunca teve, mas o problema é justamente o sofrido passado que Jenny também enfrentou.