terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Morre Pat Hingle, o comissário Gordon


Um dos grandes nomes do teatro americano que fez pequenos mas importantes trabalhos no cinema morreu ontem (05/01), aos 84. Pat Hingle não venceu nenhum prêmio, mas nunca deixou de ser elogiado pela crítica. Foi ele que apagou o charuto em Angelica Houston na sádica cena final de Os Imorais, grande filme de Stephen Frears. Foi ele o pai de Warren Beatty em Splendor in the Grass (1961, no Brasil com o escabroso título de Clamor de Sexo), uma das obras-primas, se não a obra-prima, de Elia Kazan.

Foi Kazan, também homem de teatro, que o levou ao cinema. Hingle, com seus 2m de altura e físico imponente, sempre interpretou homens fortes e brutos, como militares e jogadores de futebol, talvez por isso nunca tenha chegado às suas mãos os prêmios mais famosos. No teatro, no entanto, fez Macbeth, de Shakespeare, o presidente Benjamin Franklin e um vendedor sádico em Dark at the Top of the Stairs, seu papel mais marcante.

Em 1992, fez o gay J. Edgar Hoover, o chefão do FBI na época do macartismo no telefilme Cidadão Cohn, obra repleta de boas atuações que as boas intenções em excesso fizeram infelizmente naufragar. Para o grande público, passou como o comissário Gordon do Batman de Tim Burton.

Nasceu Martin Patterson Hingle em 1924, em Miami. Cresceu no Texas e nunca se formou na universidade, mas a largou para servir à marinha durante a Segunda Guerra Mundial. Lutou no Pacífico. De volta à Universidade do Texas, formou-se em artes cênicas, mas a carreira ficou parada depois que ele embarcou de novo nos navios da marinha americana, agora para lutar na Guerra da Coréia.

Juntou-se ao Actors Studio, em New York, em 1952. Lá conheceu Kazan e em seus primeiros filmes está Sindicato dos Ladrões, filme vencedor do Oscar. Fez o pai arrogante e mandão em Gata em Teto de Zinco Quente na Broadway, dirigido por Kazan, montagem clássica.

Dizia preferir o teatro pois o cinema “não era o meio para atores”. Workaholic, trabalhou tanto (193 filmes listados no IMDB, e o cinema nem era seu principal ganha pão) que não se lembrava dos detalhes dos filmes, peças e personagens. Adorava ver seus antigos filmes na televisão: ficava fascinado.

fonte: cineplayers